No Ponto

QUEIJADA DE REQUEIJÃO

Em Castro Verde, os habitantes locais já estão habituados a que lhes perguntem pela Rua Soldado Luís, já que tantas são as vezes em que surgem visitantes à procura da casa da Sr.ª Alexandrina Baião.
Recebeu-nos com muita simpatia e o à-vontade de quem tem muito orgulho e gosto no que faz. “Só tenho gosto em fazer doces, não dou valor a mais nada” – diz-nos.
A sua mãe iniciou-a na doçaria. Uma fotografia das duas, de rolo da massa na mão, ela com 18 anos e a mãe com 65, é o emblema desta doce ligação familiar. Falámos de tempos difíceis de muito trabalho em que a preocupação era fazer algum dinheiro para ajudar a mãe a sustentar a casa e, mais tarde, quando foi tempo de casar, para ajudar o marido e para comprar uma casa própria. Aos 75 anos, recordou connosco esse percurso de vida entre os doces, desde os 10 anos de idade.
Aprendeu com a mãe como fazer queijadas, embora na época se fizesse com queijo de ovelha e só na Primavera, pois era quando havia mais leite. A receita actual, com os ingredientes de hoje, foi invenção da Sr.ª Alexandrina. Com o saber que já tinha, foi experimentando até chegar às queijadas de requeijão pelas quais é sobejamente conhecida. Nas nossas visitas pelo país, constatámos isso mesmo: aqui e ali, bem longe de Castro Verde, as queijadas de requeijão deixaram muitas saudades.
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In Castro Verde, locals are already used to being asked about Rua Soldado Luís, since visitors show up so many times looking for Mrs. Alexandrina Baião’s house.
She welcomed us warmly and with the informality of someone who has pride and fondness for what she does. “I’m only passionate about making sweets, I’m not really fond of much else,” she said.
Her mother initiated her in confectioning. A picture of the two with rolling pins in hand – she being at 18 years of age and her mother at 65 – is the emblem of this sweet family connection. We spoke about her times of hard work, when the main concern was to make some money in order to help her mother keep the house and, later, when it was time for marriage, to help her husband and to acquire her own home. At 75 years of age, she recalled with us her life story among sweets, since she was 10 years old.
She learnt how to make queijadas with her mother, although at the time they were made with sheep milk cheese and only in Spring, when milk was more abundant.
Today’s recipe, with today’s ingredients, is Alexandrina’s creation. With the knowledge that she had, she experimented until she got the queijadas of requeijão for which she is very well-known. In our visits throughout the country we noticed precisely that; here and there, far away from Castro Verde, the queijadas of requeijão have left much yearning.

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