Em Maio, em Monchique, festeja-se com a letra M os produtos da região: mel, milho, medronho e Bolo de Maio, igualmente conhecido por Bolo de Tacho.
Na véspera do dia 1 deste mês, preparava-se com tempo o Bolo de Tacho. A tradição conta que primeiro era preciso levar o milho ao moinho, porque a farinha para o Bolo de Tacho é muito fina, mais fina do que a usada nas papas.
De manhã escaldava-se a farinha de milho com café ou chá de limão. Depois do almoço juntava-se os restantes ingredientes: mel, banha, canela, erva-doce, anis, azeite, chocolate, cacau e um ovo. Durante a noite o bolo cozinhava dentro de tachos no forno a lenha, que iria arrefecendo até à manhã seguinte.
A 1 de Maio o bolo estava pronto para ser levado para os piqueniques na serra, de preferência junto a onde houvesse água, para partilha com família, amigos e vizinhos. Comia-se o Bolo de Tacho neste dia para, como diziam os antigos, “não deixar entrar o Maio”, que é como quem diz: não deixar instalar-se a preguiça que chega com o bom tempo, porque ainda se avizinham meses de muito trabalho.
A Vereadora Arminda Andrez e a Presidente de Junta Helena Martiniano criaram para nós um pouco do ambiente de outros tempos numa belíssima casa típica onde confeccionaram o Bolo de Tacho.
Este doce evoluiu ao longo do tempo: “começa pela farinha de milho, mel, azeite e banha, que toda a gente mais ou menos tinha um pouquinho, e depois vão-lhe juntando alguns ingredientes e deu no final o Bolo de Tacho ”, diz-nos a Vereadora Arminda Andrez, que aprendeu a fazer este bolo com a avó, que era doceira.
Com fortes raízes rurais, o bolo segue o paladar de quem o faz, pois apesar de todas as receitas mencionarem os mesmos ingredientes, estes são usados a gosto, variando o sabor de bolo para bolo, ainda que seja a mesma pessoa a fazê-lo. “Isto tem essa particularidade, que é quando pomos os ingredientes todos, provamos o bolo para ver se está bom de sabor; se não estiver, a gente vai rectificar os temperos”, diz Arminda Andrez.
Para nossa sorte, não há Bolo de Tacho apenas na Festa de Maio. Em Monchique, pode ser encontrado em muitas pastelarias e padarias da vila em qualquer altura do ano.
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In May, in Monchique, the regional goods are celebrated with the letter M: “mel” (honey), “milho” (corn), “medronho” (a brandy-like drink), and Bolo de Maio (Cake of May), also known as Bolo de Tacho (Cake in the Pot).
On the day before the 1st of this month, the Bolo de Tacho used to be prepared slowly. Tradition has it that, first, one had to take the corn to the mill, because the flour for the Bolo de Tacho is very thin, thinner than that used in porridge.
In the morning the flour was heated up with coffee or lemon tea. After lunch the remaining ingredients were added: honey, lard, cinnamon, fennel seeds, anise, olive oil, chocolate, cocoa and an egg. The cake would cook overnight in pots placed in wood ovens, which would cool down by the next morning.
On May 1, the cake would be ready to be taken to picnics in the woods, preferably next to water, in order to be shared with family, friends, and neighbours. People would eat the Bolo de Tacho on this day so that, as the elders said, they would “avoid letting May settle in”, which is to say: to avoid the laziness that comes with good weather, because there is still much work to do in the months ahead.
The Town Councillor Arminda Andrez and the President of the Parish Council Helena Martiniano created for us a bit of the atmosphere of the old days in a beautiful typical house, where they made the Bolo de Tacho.
This sweet has evolved over time: “it began with corn flour, honey, olive oil and lard, which everyone more or less had a little, then more ingredients were added and in the end we have the Bolo de Tacho”, says Town Councillor Arminda Andrez, who learned how to make this cake with her grandmother, who was a confectioner.
With strong rural roots, the cake follows the taste of whoever makes it; despite the fact that all recipes mention the same ingredients, they are applied to taste, which makes the flavour of each cake different even if it is made by the same person. “It has the peculiarity that we put all the ingredients in and check if the cake tastes good; if not, we then make adjustments”, Arminda Andrez says.
Luckily, there is Bolo de Tacho beyond the May festivities. In Monchique, it can be found in many pastries and bakeries in town at any time of year.
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