Chegámos cedo a Ponte de Lima. O dia prometia ser quente apesar do Inverno. Passeámos pelas ruas ainda sem gente e com as lojas fechadas. Vila organizada e cuidada, parece que cada casa foi ali colocada com precisão e primor: as praças vão aparecendo entre ruas, e quando damos conta estamos junto ao Rio Lima, mesmo de frente para a ponte que, com o rio, dá o nome à vila; uma ponte robusta dos tempos em que soldados romanos imaginavam ter chegado ao Rio do Esquecimento, o Letes.
Almada Negreiros conta-nos a lenda:
“Comandadas por Decius Junius Brutus, as hostes romanas atingiram a margem esquerda do Lima no ano 135 a.C. A beleza do lugar as fez julgarem-se perante o lendário rio Lethes, que apagava todas as lembranças da memória de quem o atravessasse. Os soldados negaram-se a atravessá-lo. Então, o comandante passou e, da outra margem, chamou a cada soldado pelo seu nome. Assim lhes provou não ser esse o rio do Esquecimento.”
As lojas e cafés começaram abrir e as ruas começaram a ter movimento. Quanto a nós, tínhamos encontro marcado com as Limianas. Mesmo ali ao pé, no Largo de S. João, encontramos a Pastelaria S. João. Esperavam por nós Agostinho e Carla, pai e filha, desejosos de mostrar o doce criado por Agostinho para que fosse representativo de Ponte de Lima. Entre as tarefas de separar gemas de claras, triturar amêndoa, entre outras que nas mãos de Agostinho pareciam simples, foi contando como apareceram as Limianas. E no meio de tantos cheiros sugestivos, foi-nos oferecido um café e uma deliciosa Limiana acabadinha de sair do forno.
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We arrived early at Ponte de Lima. The day was likely to be warm, even if it was Winter. We strolled around the streets and there were few people and the shops were closed. It is an organised and well kept town, as if each house has been placed with precision and care; public squares open up amidst the streets, and suddenly we are by the river Lima, facing the bridge (“ponte”) that, along with the river, has given the town its name; a robust bridge from the times when Romans soldiers would imagine to have arrived at the River of Forgetfulness, the Lethe.
Almada Negreiros tells us the tale:
“Commanded by Decius Junius Brutus, the roman army reached the left margin of the Lima in the year 135 B.C. The beauty of the place made them think they were before the legendary river Lethe, which would erase all traces of memory from whoever crossed it. The soldiers refused to do it. Then, the commander crossed it and from the other margin he called each soldier by name. Thus he proved it to be not the river of Forgetfulness.”
The shops and cafés started to open and the streets started to become busy. As for us, we had an appointment with the Limianas. Nearby, in the S. João square, we found S. João café. Waiting for us were Agostinho and Carla, father and daughter, eager to show us the sweet created by Agostinho so that it would become representative of Ponte de Lima. Among the tasks of separating yolks from whites, crushing almonds, and others which looked easy in the hands of Agostinho, he told us how the Limianas came to be. And amidst so many suggestive aromas, a coffee was offered to us with a delicious Limiana just out of the oven.

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